A proposta do governo de flexibilizar a demonstração das contas públicas é um tanto paradoxal. Por quê? Podemos expor dois motivos. O primeiro é que o caixa do Tesouro continuará inalterado por essa medida; o segundo motivo é finalístico, ou seja, fechar as contas públicas dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Esses dois motivos são argumentos para qualquer cidadão bem informado chegar em uma conclusão: o governo quer praticar contabilidade criativa. Pois bem, se a mídia e os cidadãos têm chegado à esta conclusão, diga-se de passagem, razoável, o que o governo tem declarado para refutá-la?
Infelizmente bem pouco. O governo mostra-se inábil para defender seus posicionamentos com coerência.
Os argumentos de infalibilidade do governo petista permeiam os discursos e fomentam, na oposição, e em alguns que observam atentamente, um sentimento de repulsa desse discurso. A inevitável declaração que petistas são mentirosos, já não soa jocosa; mas apresenta-se como conclusão dos posicionamentos de discurso do PT.
Para não deixar enfadonho o texto, citarei cinco movimentos do discurso petista que corroboram para adjetivar o governo petista como “mentiroso”:
- Discurso do governo: contas públicas sob controle. Ação: mudança da LDO;
- Discurso do governo: desmatamento da Amazônia sob controle. Realidade: aumento do desmatamento de 122% só no mês de outubro de 2014;
- Discurso do governo: ataques políticos na campanha eleitoral; Marina: colaboradora sua na educação ligada a banqueiro; Aécio: atacado por indicar profissional de mercado para ser Ministro da Fazenda. Ação: Dilma busca profissional do mercado para ser Ministro da Fazenda.
- Discurso do governo: na Austrália, Dilma fez declaração de intolerância com a corrupção. Realidade: evidências de corrupção na Petrobrás envolvem seu gabinete;
- Discurso do governo: as ações do governo foram necessárias para a manutenção do emprego. Realidade: em outubro de 2014 foram fechados 30.283 postos de trabalho.
Por essas diferenças entre discurso do governo e ação/realidade é que infelizmente o adjetivo "mentiroso" é empregado; e não de forma jocosa, como é típico da cultura extrovertida do brasileiro.
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