Os discursos eloquentes no plenário de ontem foram animadores para aqueles que estão insatisfeitos com a condução de nosso Brasil; eu me incluo nesse grupo. Porém, devemos ser críticos se quisermos progredir.
ARGUMENTOS
Oposição:
Crime: a Presidente Dilma quer ser anistiada pelo Congresso Nacional por crime de Responsabilidade Fiscal. Ao que pese um descarrilhamento das contas públicas; o argumento é forte politicamente, mas vazio economicamente. Se ela fosse punida, o que mudaria para a economia do país? Nada. Então, o argumento é político e de cunho ético-eleitoral, que deve ser apreciado e valorado sim, mas não de utilidade prática neste momento.
História: resgatar história política e econômica é relevante para embasar muitas ações. No entanto, se o Brasil está com aperto orçamentário, o que isso ajudaria? O argumento é político, mas não prático e imediato.
Participação Popular no Plenário: o fechamento do Congresso à população não deveria ter sido levado a termo. O Presidente do Senado, Renan Calheiros fez bem para a "ordem interna" das discussões fechar a galeria; mas fez pior ainda fechando, pois aspirou ferrenhas inimizades à sua pessoa e à moral do Congresso Nacional. Esse aspecto também é político, que de prático ao discurso, pouco colabora. O discurso cabe aos parlamentares que terão como ouvintes, além de outros parlamentares o povo presente.
Promessas de campanha: quem acompanhou a jornada da campanha eleitoral enumerou promessas e afirmações. Pois bem, estamos vendo contradições no já segundo mandato de Dilma? Sim, vide o aumento dos juros ontem. Mas a decisão do Copom não é técnica? A promessa da presidente Dilma já nasceu morta em sua campanha; embora influencie, ela não conseguiria frear decisões desse tamanho. O que quero dizer? Digo que o povo, da próxima vez deverá questionar tais promessas no processo de campanha, como: "Como a senhora poderá não aumentar os juros?". Enfim, o argumento é mais de cunho político que pragmático, prático.
Finanças Públicas: Esses argumento não foi devidamente explorado pela oposição; que teve oportunidade de elevar o debate no plenário! Perguntas básicas foram fracamente expostas, como: Qual a consequência "financeira" da alteração da LDO? Não posso dizer que o tema não foi explorado; porém, das longas horas de discursos, pouca dedicação foi dispensada ao tema central.
Regimento interno: A regra do jogo! Parlamentar que conhece a fundo o regimento é parlamentar valorizado! Aos futuros políticos: estudem o regimento interno do Congresso! Renan Calheiros assim fez e é valorizado por seus pares Parlamentares.
Base do Governo:
Silêncio: os parlamentares da base aliada mantiveram-se praticamente calados. Foram silentes! Se isso foi estratégia planejada ou não, a questão é que eles exerceram o direito de "errar menos ao falar". Do ponto de vista político-prático acertaram muito; mas do ponto de vista político-democrático: erraram feio, onde está o "amplo debate" sempre proposto pelo Partido dos Trabalhadores? Esse discurso é demagógico então?
História: os poucos parlamentares ligados ao governo foram modestos no discurso. Eles repetiram os ganhos sociais e a necessidade de se avançar nos projetos do PAC, sob o argumento: senão o Brasil irá parar! Os argumentos foram singelos e de cunho ideológico, vejo que não foram para convencer ninguém, foram para não deixar a Tribuna ausente de representantes do governo.
Resultado:
Para base aliada ficou um pensamento: "Ganhamos!". Para a oposição: "Lutamos!". E para o Brasil: pouca discussão atacando o foco do problema com argumentos concatenados e livres de embates políticos.
Impressões:
Oposição: parece que realmente o Brasil agora tem uma oposição no Congresso! Foram quase 12 anos completos de poucas atividades de destaque.
Governo: mostrou-se hegemônico, pouco dado à discussões democráticas. O observador mais atento diria: "Prática do discurso marxista". Mas discutir isso é para outra oportunidade.
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